quinta-feira, 3 de abril de 2008

Crise calçadista leva Cipatex ao mercado automobilístico

Crise calçadista leva Cipatex ao mercado automobilístico
Natalia Gómez
Fabricante de couro artificial, conhecido como laminado sintético, a Cipatex está se preparando para reagir à crise do setor calçadista, que corresponde a 45% do seu faturamento. Para prevenir futuras perdas, a companhia está dando seus primeiros passos para atender o setor automotivo, que consome um material semelhante para revestimento de bancos, tapetes e laterais de portas.
Ao contrário da produção de calçados, estagnada desde 2005, o mercado automobilístico vem crescendo em média 8% ao ano desde 2002, segundo dados da Anfavea, associação das montadoras. "As perspectivas de crescimento das vendas de carros são otimistas", afirma o diretor comercial da Cipatex, Marcelo Nicolau. Segundo ele, a concorrência no novo setor é mais restrita do que na indústria calçadista porque os produtos para carros possuem mais requisitos técnicos.
Em três a seis meses a companhia deve fechar seus primeiros contratos com sistemistas, que abastecem as montadoras. Nicolau não revela quais são seus potenciais clientes mas assegura que as vendas começam este ano. Até o momento, a empresa tem fornecido laminados para carros no mercado de reposição. A venda direta para os sistemistas que abastecem montadoras no Brasil é disputada por York, Sansuy e Vulcan.
Segundo o executivo, a investida no novo segmento demandará poucos investimentos em maquinário devido à semelhança com seus negócios já existentes. "Existe uma sinergia muito grande com as áreas em que já atuamos", afirma. No último ano, a empresa investiu R$ 1 milhão para desenvolver os produtos para automóveis com a colaboração de dois consultores alemães, que passaram quatro meses no Brasil.
Após a homologação do material, a produção da fábrica da empresa em Cerquilho (SP) será ampliada. A princípio, serão investidos R$ 2 milhões até 2009 para aumentar a capacidade produtiva em 10%. Isso representa um aumento de 5 milhões de metros lineares por ano, a partir dos atuais 50 milhões de metros.
Para isso, é provável que entre em operação um quarto turno de produção na unidade. O executivo acredita que a equipe de 900 funcionários poderá chegar a mil pessoas de acordo com o desempenho das vendas. A unidade da empresa em Bayeux (PB), inaugurada em 1999, ficará de fora dos aportes porque ainda tem cerca de 40% de capacidade produtiva disponível.
O objetivo da Cipatex é fazer com que as vendas para carros cheguem a 15% dos negócios em cinco anos. "A médio prazo, a diversificação protegerá a companhia de oscilações do setor de calçados, que ainda é uma incógnita", espera ele. A empresa não tem planos para reduzir sua participação no setor calçadista, que representa 45% do faturamento e 25% do volume de produção da empresa, segundo ele.
Para alavancar suas vendas para calçados, a Cipatex investiu R$ 2,5 milhões para desenvolver e divulgar um novo material que absorve a transpiração, chamado DryShoe. Com isso, ela espera incrementar seu faturamento em R$ 8 milhões.
Seu segundo maior cliente é o segmento moveleiro, seguido por laminados para revestimento de piscinas, cadernos escolares, guarda-sóis, bolsas e cintos femininos. Após a estréia no segmento automotivo, a empresa espera cobrir 70% das aplicações existentes para laminados sintéticos de PVC e PU.
Fundada em 1964 para a produção de componentes para chapéus, a companhia faturou R$ 400 milhões no ano passado. A previsão para 2007 é atingir R$ 430 milhões. Além das fábricas em São Paulo e Paraíba, a empresa tem centros de distribuição em Buenos Aires, Argentina, e em Nova Hartz (RS).
Fonte: Valor

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