quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sandero Privilège encara Punto ELX Pensados para atrair o mesmo perfil de comprador, cada um aposta em atributos diferentes

Sandero Privilège encara Punto ELX Pensados para atrair o mesmo perfil de comprador, cada um aposta em atributos diferentes
Fiat Punto
Renault Sandero (endereço, com acesso às fichas técnicas dos carros e fotos:http://carroonline.terra.com.br//)

Enquanto o Fiat Punto brinda seu comprador com um desenho caprichado, digno de estampar a assinatura do designer Giugiaro em um pequeno adesivo colado na porta traseira, o Renault Sandero esbanja espaço interno sobre seu concorrente, qualidade mais comum em veículos superiores, como o Volkswagen Golf, por exemplo.
Por cerca de R$ 41 190, é possível adquirir a versão 1.6 8V do Sandero com o melhor acabamento disponível para a linha, chamada Privilège. Completo, o carro oferece até mesmo vidro elétrico nas janelas traseiras. Já por R$ 42 780, o Punto traz a versão ELX 1.4. Ela conta com ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos de série.
Ficou em dúvida sobre qual escolher? Para ajudá-lo, o Carro Online reuniu as duas versões que disputam o mesmo perfil de comprador: jovem, já com algum dinheiro no bolso e que procura algo mais do que os hatches pequenos como Palio e Clio, por exemplo, podem oferecer. Confira abaixo qual é o vencedor deste duelo.

Ao entrar no Punto, tudo tem um clima envolvente. O longo painel leva ao motorista uma sensação de profundidade, o banco oferece excelente apoio para o corpo e o volante tem uma “pegada” precisa, sobretudo pelo recorte para acomodar o polegar. O problema é que grande parte do encanto passa ao darmos a partida no carro. O motor 1.4 flex com 86 cv de potência a 5 750 rpm, utilizando álcool, mostra-se insuficiente para o carro que equipa. Como o torque de 12,5 kgfm só é atingido a 3 500 rpm, é preciso acelerar o Punto com vontade para o carro ficar mais animado. Outro fato que colabora para piorar o desempenho do Fiat é o seu peso, de 1 115 kg. Logo, cada cavalo-vapor é responsável por deslocar 12,9 kg.
No Sandero, o motor 1.6 8V Hi-Torque se mostra bem acertado no hatch francês. Ele é capaz de desenvolver 95 cv de potência a 5 250 rpm e 14,1 kgfm de torque a 2 850 rpm, ambos com álcool. Por oferecer mais força em baixas rotações, o Sandero vai melhor no trânsito urbano que o Punto. Mais leve (1 055 kg), o hatch da Renault possui uma relação peso/potência de 11,1 kg/cv. Um detalhe interessante no propulsor utilizado pelo Sandero é o acerto da marcha lenta a 500 rpm – taxa geralmente encontrada em motores maiores –, que colabora para a diminuição de ruído na cabine com o veículo parado.


DirigibilidadeSe o Punto peca no desempenho, ele compensa no acerto da suspensão. O veículo é firme, sem a maciez excessiva encontrada no Siena, por exemplo, mas ao mesmo tempo se mantém confortável. O Sandero, por sua vez, é um pouco mais suave que o Logan, principalmente na parte traseira, porém, oscila a carroceria em curvas mais fechadas.
Um defeito comum aos dois veículos deste comparativo é o câmbio. Ambos têm relações muito longas e, enquanto o do Punto parece enroscar em algumas trocas de marcha, o do Sandero não é nada suave, com uma alavanca que exige um pouco de força do motorista.
Comparado ao Punto, um equipamento que causa certo desconforto no Sandero é o seu espelho retrovisor externo, que parece pequeno demais para as proporções do veículo. No modelo italiano, a peça é maior e oferece um campo de visão superior ao condutor. Ambos dispõem de regulagem em altura para o banco do motorista, mas o Punto oferece, além disso, regulagens de altura e profundidade para o volante, não disponível no modelo da Renault. DesignÉ inegável que o Sandero apresenta uma melhora considerável em relação ao Logan quando o assunto é design. Com traços mais modernos, nem parece que o hatch é da mesma família que o sedã, a não ser pela lateral sem muitas inovações, assim como a solução de utilizar o mesmo retrovisor nos dois lados do veículo para baratear o modelo.
Mas o Punto é mais unânime quanto à aceitação do seu desenho que o concorrente. Se o Sandero está mais para o “ame-o ou deixe-o”, o Punto parece já ter conquistado uma legião de fãs. No interior, o painel “abraça” o motorista, e até mesmo as maçanetas internas são mais trabalhadas e oferecem mais refinamento ao habitáculo, inclusive com o desenho que acompanha a lateral do modelo.


MercadoSegundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o Punto vendeu, no acumulado deste ano, mais que o dobro de unidades do Sandero. Nos meses de janeiro e fevereiro, a Fiat colocou nas ruas 6 680 unidades do hatch, enquanto a Renault comercializou 2 439 veículos, englobando todas as versões dos dois modelos.
Falando especificamente do Punto ELX 1.4 e do Sandero Privilège 1.6 8V Hi-Torque, o hatch da montadora italiana possui 4 676 carros emplacados no período em questão contra 379 unidades do francês.
Preço/equipamentosO Punto é R$ 1 590 mais caro que o Sandero, ou seja, por essa diferença, é possível equipá-lo com rádio e ainda ficar com uns trocados no bolso. Mas vale a pena frisar que o Punto entrega um interior mais caprichado que o seu concorrente, que sofre por herdar a “humildade franciscana”, segundo a qual o Logan foi concebido. Ambos já oferecem de série, como mencionado no início, um bom pacote de equipamentos, composto principalmente pelo quarteto ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos.
Enquanto o Sandero oferece poucos, mas importantes opcionais como as bolsas infláveis para os passageiros da frente, o Punto disponibiliza o mesmo equipamento em conjunto com o ABS por R$ 2 989 em um pacote chamado HSD (High Safety Drive, ou alta segurança ao dirigir). Além dele, diversos itens de conforto podem ser incorporados, o que já se tornou uma peculiaridade da Fiat, como os sensores de chuva e crepuscular combinados com o retrovisor interno eletrocrômico (R$ 1 503) e o teto solar elétrico Skydome (R$ 5 438). Com todos os opcionais oferecidos pela Fiat, o Punto acrescenta R$ 17 864 ao preço básico e atinge os R$ 60 644.



Acabamento/espaço/ergonomiaO Sandero tem espaço para dar e vender. Há lugar para os passageiros na frente e pessoas com mais de 1,80 m não se sentirão incômodas no banco traseiro com a cabeça raspando no teto, algo muito comum até em modelos maiores. Apesar do revestimento de veludo nas portas e nos bancos oferecido na versão Privilège, a sensação ao entrarmos no Sandero é que falta um algo a mais no interior.
A ergonomia do hatch francês é muito prejudicada em nome das soluções para reduzir custos. Os acionadores dos vidros elétricos traseiros, por exemplo, estão posicionados no túnel central, localização muito ruim, principalmente quando há uma terceira pessoa no banco traseiro. Já no Punto, os controles ficam bem à mão, instalados na porta. Apesar de não ser uma referência em espaço interno, o Punto pelo menos entrega o algo a mais que falta à cabine do Sandero.


Manutenção/seguro/garantiaEm um levantamento realizado por todo o Brasil, cotamos o seguinte conjunto de peças para os dois modelos: farol dianteiro direito, jogo de pastilhas dianteiras e amortecedores, velas, pára-choque e pára-lama dianteiro, retrovisor externo manual e troca de óleo com mão-de-obra. O Punto foi o que cobrou menos pelo conjunto, que ficou em R$ 1 957, enquanto o Sandero pediu R$ 2 136 nos mesmos itens.
Em relação ao seguro, vantagem também para o Punto. Cotado na Porto Seguro, o valor ficou em R$ 3 358. Na mesma empresa, o seguro do Sandero é avaliado em R$ 3 575. A favor do modelo da Renault, está o melhor índice de reparabilidade levantado pelo Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária) com valor 13, enquanto o Punto obteve índice 15 – nesse caso, quanto menor o número, melhor a avaliação.
Um dos grandes apelos do Sandero é a sua garantia de três anos (limitada a 100 000 km), que, na verdade, é uma estratégia de marketing da Renault para acabar com o estigma de que os carros franceses têm manutenção mais cara que os demais. O Punto, por sua vez, oferece garantia de um ano sem limite de quilometragem.

ConclusãoCom um placar de 5 (dirigibilidade, design, mercado, acabamento, manutenção) x 2 (desempenho e preço) a favor do Punto, o modelo confirma neste comparativo as características que o transformaram em um sucesso de público. Dentre os predicados esperados para um veículo desta categoria, o hatch italiano entrega mais para o cliente por um preço justo quando comparado ao Sandero.

Texto César Tizo - Fotos de Rafael Munhoz

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