quinta-feira, 3 de abril de 2008

Mercado automobilístico - Entrevista com Engº Claus Mojen

Mercado automobilístico

Claus Mojen, ex-aluno do Instituto Mauá de Tecnologia e atual responsável pelo CKD, importação e exportação de ônibus e caminhões da DaimlerChrysler de São Bernardo do Campo, fala sobre a situação do mercado automobilístico nacional.

Que curso você fez e em que ano se formou na Mauá?

Eu fiz o curso de Engenharia Mecânica e me formei em 1979.

Você fez algum curso de especialização?

Fiz um curso de Pós-Graduação em Administração de Empresas na Alemanha em 1993, por dois anos. Depois, em 2001, fiz um MBA em Sistemas de Gestão de Produção pela COPETEC, ligada à UFRJ.

Qual foi sua trajetória profissional?

Após ter me formado fui para a Alemanha, ingressei na Daimler Benz AG e trabalhei na parte de Desenvolvimento de Processos, Planejamento e Produção na Pintura até 1996. Em 1996 assumi o projeto de implantação da primeira linha de pintura à base de água no Brasil, na fábrica da Mercedes de Juiz de Fora. Em 2004 eu fui novamente mandado para a Alemanha e lá, como um interventor da Daimler, coloquei em funcionamento duas linhas de pintura e uma de injetoras de plástico, num valor investido de 110,7 milhões de euros. Desde outubro de 2005 eu estou na logística da DaimlerChrysler de São Bernardo do Campo, sendo responsável pela área do CKD, importação e exportação de ônibus e caminhões.

Na sua opinião, qual é a situação atual do mercado automobilístico no Brasil?

A situação atual do mercado automobilístico no Brasil está boa somente para carros de baixa cilindrada. O padrão dos carros nacionais está bem abaixo do que é exigido na Europa, por exemplo. Nós estamos perdendo terreno em competitividade com outros países devido a uma política de isenção de impostos para veículos de baixa cilindrada.

Quais são os fatores de maior relevância que influenciam o mercado automobilístico?

Na minha opinião é toda a economia do Estado e uma política de subsídios. Por exemplo, se o diesel é subsidiado, os veículos movidos a diesel se tornam mais atrativos, o que faz com que este setor movimente mais a economia que o da gasolina. O plano de motores a álcool fez com que se desenvolvesse a tecnologia dos motores flex. Também não podemos esquecer a política de protecionismo da indústria nacional por meio dos impostos de importação. Infelizmente o Brasil não tem uma indústria automobilística nacional. São todas multinacionais, onde o desenvolvimento de produtos novos e estratégias de mercado são definidos nas matrizes...

Quais as perspectivas para esse mercado levando-se em conta a atual política econômica brasileira?

Eu acho que vamos ficar parados em relação ao mercado mundial.

Você considera o mercado automobilístico do Brasil maduro o suficiente para crescer por conta própria, independente do resultado das próximas eleições?

O mercado automobilístico do Brasil tem, sem dúvida, a sua maturidade para o mercado nacional. As eleições não irão afetar o desenvolvimento do mesmo, a não ser que entre um partido louco no poder e ache que deve nacionalizar as empresas, como o nosso amigo Morales da Bolívia. Um mercado é sempre afetado se uma política de Estado for errada, de poucos investimentos, ou se estes forem feitos de forma errada...

Qual você acredita ser a solução para a dependência de petróleo da indústria automobilística?

Hoje já temos projetos avançadíssimos em relação a carros híbridos (a gasolina e elétricos), carros movidos à base de baterias de hidrogênio. Temos também opções com combustíveis orgânico-vegetais como o álcool, metanol, óleo de mamona etc. Os carros de hoje são bem mais econômicos que os de antigamente, e este trend com toda a certeza ainda não acabou.

A China pretende se tornar o segundo maior produtor de automóveis, atrás somente dos Estados Unidos. Para as empresas brasileiras do setor automobilístico, você enxerga nisso uma ameaça ou uma oportunidade? Por quê?

Toda ameaça também é uma oportunidade. Se hoje o Brasil não se preparar para a competição mundial de amanhã (oportunidade), os chineses irão acabar jogando no mercado mundial carros bons bem mais baratos. Isto seria uma ameaça, pois iríamos somente poder parar isto com uma política protecionista, perdendo uma oportunidade.

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